O ser
humano é capaz de realizar tarefas de altíssima complexidade,
pode realizar movimentos dos mais variados (esperados
e inesperados), pode andar, correr, saltar, pular,
individual ou simultaneamente e, precisa se comunicar.
Podemos perceber através da historia que essa necessidade
de comunicação do ser humano sempre existiu ao longo
das civilizações.
Atualmente
experimentamos uma revolução tecnológica sem precedentes
e o acesso à informação, antes privilégio de poucos,
se populariza na medida em que novas tecnologias abrem
novos horizontes e a comunicação não depende mais
da movimentação física das pessoas ou de mensagens
escritas em papel. Uma evolução dentro desta revolução
tecnológica está acontecendo, marcada pela convergência
entre as redes de comunicação, computadores e telecomunicações.
Nascem
as comunicações modernas...
O contexto
em que se enquadram as redes de comunicação atuais
pode ser explicado em função da evolução de duas áreas
tecnológicas distintas: a das redes de computadores
e a outra, dos sistemas de telecomunicações. Ambas
tiveram trajetórias distintas até algum tempo atrás,
mas suas áreas de atuação têm se confundido cada vez
mais no que se refere ao transporte de informações.
Mais
antiga, a ind�stria de telecomunicações surgiu no
final do século XIX com a instalação das primeiras
redes de telefonia e telégrafo. A evolução dessas
redes foi basicamente geográfica até o início da década
de 1960, quando ocorreu a introdução das tecnologias
digitais nas centrais telef�nicas e nos serviços de
comunicação de longa dist�ncia. Nessa mesma época
surgiu o serviço de telex para a transmissão de textos,
que empregava tecnologia e equipamentos distintos
da utilizada para os serviços de voz, embora utilizasse
o mesmo meio de transmissão. Logo em seguida, na década
de 1980, ocorreu a disseminação dos serviços via fac-símile
(o popular fax), que possibilitou o envio de documentos
e imagens através da linha telef�nica.
O funcionamento
desse novo esquema, agora baseado em bits, dependia
fortemente da interligação dos computadores que controlavam
as conexões entre as centrais de comunicação e que
possibilitavam também novos serviços para os usuários
como redirecionamento de chamadas, chamadas em espera,
entre outras.
A ind�stria
de computadores floresceu na segunda metade do século
XX, na década de 1950, com uma produção inicial restrita
às máquinas de grande porte (os famosos mainframes).
O preço alto e as grandes exigências da infra-estrutura,
de suporte e pessoal para esses primeiros computadores
inviabilizavam uma distribuição mais ampla desses
equipamentos até os usuários finais, o que retardou
por um tempo a disseminação dos sistemas de processamento.
Posteriormente,
as novas necessidades dos sistemas de comunicação
levaram ao surgimento das chamadas redes de teleprocessamento,
que ligavam as unidades centrais de processamento,
normalmente grandes empresas ou órgãos governamentais,
aos terminais remotos, estes desprovidos ainda de
qualquer capacidade de processamento local (conhecidos
como terminais burros), que eram utilizados pelos
usuários para compartilhar recursos (impressoras,
por exemplo) e realizar seu trabalho diário.
A era
dos computadores pessoais...
Os avanços
da eletr�nica e das tecnologias dos circuitos integrados
nas décadas de 1970 e 1980 trouxeram um significativo
avanço na relação custo / benefício para a produção
de computadores. Menores, mais baratos e com significativo
aumento de desempenho, os computadores tornaram-se
acessíveis a um n�mero maior de pessoas. Empresas
de todos os portes também puderam tirar proveito desse
desenvolvimento, estabelecendo políticas de automação
de escritórios e processos, favorecendo a distribuição
de tarefas entre os funcionários, visando aumentar
sua produtividade.
Nesse
momento, a necessidade de troca de informações entre
os usuários de computadores aumentou rapidamente,
mas agora assumindo uma outra característica. Quem
usava um computador não desejava mais compartilhar
apenas os recursos de uma unidade de processamento
centralizada, mas sim trocar informações entre com
outras unidades independentes, com capacidade de processamento
local e, eventualmente, compartilhar os recursos de
dispositivos periféricos em outros locais.
Primeiramente
os computadores foram ligados dois a dois, utilizando
a infra-estrutura do cabeamento para voz que já existia.
Essa solução rapidamente se mostrou limitada e novas
estruturas de cabeamento foram desenvolvidas. Posteriormente,
os novos ambientes computacionais, cada vez mais complexos,
passaram a permitir a comunicação entre várias máquinas
simultaneamente e novos serviços como trocas de mensagens
e transmissão de arquivos foram implementados. Esses
novos ambientes que proporcionavam esse tipo de troca
de informações passaram a ser conhecidos como redes
de computadores.
Surgem
as redes...
Restrições
de ordem tecnológica e econ�mica e necessidades diversas
resultaram inicialmente em tipos de redes de computadores
com topologias e soluções proprietárias. Por exemplo,
considerando-se as restrições de alcance geográfico,
as redes foram classificadas quanto a sua área de
abrangência em "Wide �rea Networks" (WAN�s),
ou seja, redes que conectavam computadores separados
por grandes dist�ncias, superiores a centenas de quil�metros
e que utilizavam a infra-estrutura existente das redes
de telecomunicações (sistemas de transmissão e cabeamento).
Outra classificação englobava as "Metropolitan
�rea Networks" (MAN�s), redes que conectavam
computadores em dist�ncias médias, na ordem de algumas
dezenas de quil�metros, mas que também utilizavam
a rede de telefonia existente (cabeamento) para estabelecer
sua comunicação. Por fim temos as "Local �rea
Networks" (LAN�s) que conectam computadores em
pequenas dist�ncias, normalmente dentro de uma área
delimitada como uma sala, um escritório, etc.
Nessa
primeira etapa, outros par�metros técnicos definiam
diferentes tipos de redes, entre eles, o meio físico
empregado, o método de conexão, entre outros. O resultado
foi um n�mero significativo de tipos de redes com
padrões próprios de conexão e que muitas vezes não
eram compatíveis entre si.
Criam-se
padrões...
A solução
encontrada para resolver os problemas de conexão entre
redes diferentes foi a adoção de padrões e, a partir
daí, os sistemas que respeitassem um determinado padrão
poderiam interagir cooperativamente, compartilhando
dados e funções entre si. Esses padrões estabeleceram
mecanismos de troca de informações que passaram a
se chamar "protocolos".
Claro
que muitos questionamentos foram colocados. Qual o
padrão a adotar? Quem será o responsável pelo desenvolvimento
do padrão? Uma vez adotado o padrão, como se certificar
que um sistema é aderente ao padrão?
Inicialmente,
devemos considerar que um padrão pode ser "de
facto" ou "de jure". Na primeira possibilidade,
um produto de grande sucesso cria um mercado de tal
dimensão e acaba tornando-se um padrão, uma referência.
Um exemplo típico é a arquitetura dos computadores
pessoais, criada a partir dos modelos IBM-PC, cujo
modelo foi copiado pelas demais empresas. No segundo
caso, instituições geram padrões de maneira independente
do mercado, a partir de necessidades nele verificadas.
Na área de telecomunicações e redes de computadores
temos, por exemplo, o ITU-T, IEEE, EIA, TIA, entre
outros.
O mundo
se conecta...
Retornando
ao caminho da convergência entre as tecnologias das
redes de telecomunicações e das redes de computadores,
a união dos fatores apresentados anteriormente, aliados
aos novos avanços tecnológicos envolvendo a capacidade
de transporte das redes de comunicação levou a um
campo de atuação comum para ambas que é o fornecimento
de m�ltiplos serviços baseados em uma infra-estrutura
�nica, resultado da experiência obtida no desenvolvimento
e operação tanto das redes de computadores quanto
das redes de telecomunicações.
Esse
conceito de convergência é o que conhecemos hoje como
"internetwork", um conjunto de dispositivos
e procedimentos que viabilizam a interconexão de redes
individuais, formando redes de maiores capacidades,
fortemente baseadas no emprego de computadores e seus
recursos de controle, aliadas ao emprego das técnicas
de chaveamento de pacotes e transmissão de dados dos
sistemas de telecomunicações, sendo, portanto, uma
combinação de ambas as tecnologias.
O maior
símbolo conhecido desse conceito de convergência é
a Internet que temos hoje em nossas casas, no trabalho,
nas ruas.
Finalizando...
Um dos
atuais desafios dos sistemas de comunicação ainda
é a interconexão dos variados sistemas de informação.
Na prática
ainda existem muitas redes de naturezas diferentes,
com novos serviços surgindo a cada dia e usando protocolos
diferentes que, obviamente, necessitam ser interligadas.
Possibilitar essa comunicação utilizando a infra-estrutura
de comunicação existente para prover o interc�mbio
desses usuários, proporcionando a todos um suporte
eficiente para a comunicação entre tecnologias distintas,
com diferentes tipos de mídias e velocidades variadas
é um dos objetivos que se quer alcançar coma convergência
das tecnologias de redes.
Com certeza,
essa evolução das redes de computadores e de telecomunicações
é um caminho sem volta que nos levará a total convergência
entre as tecnologias, padrões, dispositivos e aplicações
para redes de comunicação, presentes e futuras.