Também ocorreu uma
grande mudança nos serviços oferecidos. Além do compartilhamento
de recursos, novos serviços, tais como correio eletrônico,
transferência de arquivos, Internet, aplicações multimídia,
dentre outras, foram acrescentadas, aumentando ainda
mais a complexidade das redes. Não bastassem esses
fatos, o mundo da interconexão de sistemas ainda passou
a conviver com a grande heterogeneidade de padrões,
sistemas operacionais, equipamentos, etc.
Considerando este
quadro, torna-se cada vez mais necessário o gerenciamento
do ambiente de redes de computadores para mantê-lo
funcionando corretamente. Surge então a necessidade
de buscar uma maneira consistente de realizar o gerenciamento
de redes para, com isso, manter toda a estrutura funcionando
de forma a atender as necessidades dos usuários e
às expectativas dos administradores.
Definindo gerenciamento
de rede
O gerenciamento de
rede pode ser definido como a coordenação (controle
de atividades e monitoração de uso) de recursos materiais
(modems, roteadores, etc.) e ou lógicos (protocolos),
fisicamente distribuídos na rede, assegurando, na
medida do possível, confiabilidade, tempos de resposta
aceitáveis e segurança das informações.
O modelo clássico
de gerenciamento pode ser sumarizado em três etapas:
Coleta de dados:
um processo, em geral automático, que consiste de
monitoração sobre os recursos gerenciados;
Diagnóstico:
consiste no tratamento e análise realizados a partir
dos dados coletados. O computador de gerenciamento
executa uma série de procedimentos (por intermédio
de um operador ou não) com o intuito de determinar
a causa do problema representado no recurso gerenciado;
Ação ou controle:
Uma vez diagnosticado o problema, cabe uma ação, ou
controle, sobre o recurso, caso o evento não tenha
sido passageiro (incidente operacional).
Sistema de gerência
Um sistema de gerência
de rede pode ser definido como um conjunto de ferramentas
integradas para o monitoramento e controle, que oferece
uma interface única e que traz informações sobre o
status da rede podendo oferecer ainda um conjunto
de comandos que visam executar praticamente todas
as atividades de gerenciamento sobre o sistema em
questão.
A arquitetura geral
dos sistemas de gerenciamento de redes apresenta quatro
componentes básicos: os elementos gerenciados, as
estações de gerência, os protocolos de gerenciamento
e as informações de gerência.
Os elementos gerenciados
são dotados de um software chamado agente,
que permite o monitoramento e controle do equipamento
através de uma ou mais estações de gerência. A principio,
qualquer dispositivo de rede (impressoras, roteadores,
repetidores, switches, etc) pode ter um agente instalado.
Dependendo da topologia
da rede será necessária uma ou mais estações de gerência
para obter informações desses agentes. Um sistema
de gerência centralizado deve possuir pelo menos uma
estação de gerência e os sistemas distribuídos,
duas ou mais estações de gerência.
Nas estações de gerência
encontramos o software gerente, responsável
pela comunicação direta desta estação com os agentes
nos elementos gerenciados. Claro que para que aconteça
a troca de informações entre o gerente e os agentes
é necessário ainda um protocolo de gerência que
será o responsável pelas operações de monitoramento
e de controle.
Gerentes e agentes
podem trocar tipos específicos de informações, conhecidas
como informações de gerência. Tais informações
definem os dados que podem ser utilizados nas operações
do protocolo de gerenciamento.
O sistema de gerenciamento
de uma rede é integrado e composto por uma coleção
de ferramentas para monitorar e controlar seu funcionamento.
Uma quantidade mínima de equipamentos separados é
necessária, sendo que a maioria dos elementos de hardware
e software para gerenciamento está incorporada aos
equipamentos já existentes.
Distribuição da gerência
na rede
Como mencionado, um
sistema de gerenciamento consiste de alguns itens
de hardware e software adicionais, implementados entre
os equipamentos de rede existentes.
O software usado para
auxiliar o gerenciamento da rede é instalado em servidores,
estações e processadores de comunicação, tais como,
roteadores, concentradores de acesso e switches. Ele
é projetado para oferecer uma visão de toda a rede
como uma arquitetura unificada, com endereços e rótulos
associados a cada ponto da rede e atributos específicos
de cada elemento e link conhecido do sistema de gerenciamento.
Com o crescimento
das redes de computadores, em tamanho e complexidade,
sistemas de gerência baseados em um único gerente
são inapropriados, devido ao volume das informações
que devem ser tratadas e que podem pertencer a localizações
geograficamente distantes do gerente. Evidencia-se,
então, a necessidade da distribuição da gerência na
rede, através da divisão das responsabilidades entre
gerentes locais que controlem domínios distintos e
da expansão das funcionalidades dos agentes.
Os modelos de gerência
diferenciam-se nos aspectos organizacionais envolvendo
a disposição dos gerentes na rede, bem como no grau
da distribuição das funções de gerência. Cada gerente
local de um domínio pode prover acesso a um gerente
responsável (pessoa que interage com o sistema de
gerenciamento) local e/ou ser automatizado para executar
funções delegadas por um gerente de mais alto nível,
geralmente denominado de Centro de Operações da Rede
(NOC - Network Operation Center). O NOC é responsável
por gerenciar os aspectos interdomínios, tal como
um enlace que envolva vários domínios, ou aspectos
específicos de um domínio, devido à inexistência de
gerente local.
Configuração do sistema
de gerenciamento
Na Figura 1 temos
a representação da arquitetura básica de um sistema
de gerenciamento de rede. Cada nó da rede possui uma
coleção de softwares dedicados à tarefa de gerenciamento
da rede.

Pelo menos um servidor
da rede é designado para exercer a função de servidor
de gerenciamento da rede. O servidor de gerenciamento
da rede possui uma coleção de softwares denominados
de Network Management Application (NMA). A NMA inclui
uma interface de operador para permitir que um usuário
autorizado gerencie a rede. A NMA responde aos comandos
do operador, mostrando informações e/ou enviando comandos
para os agentes através da rede. Essa comunicação
é realizada usando um protocolo da camada de aplicação,
específico para o gerenciamento de redes.
Outros nós que fazem
parte do sistema de gerenciamento de rede incluem
um módulo agente que responde às solicitações do servidor
de gerenciamento. Os agentes são implementados em
sistemas finais que suportam aplicações de usuários
finais, bem como em nós que fornecem serviços de comunicação,
tais como, roteadores e controladores de acesso remoto.
Para manter a alta
disponibilidade de gerenciamento, dois ou mais servidores
são usados. Em condições normais, um deles é usado
para o controle, enquanto os outros ficam coletando
estatísticas ou em estado de espera. No caso de falha
daquele que está sendo utilizado para controle, outro
poderá substituí-lo.
Arquiteturas de gerência
Desde a década de
1980, vários grupos têm trabalhado para definir arquiteturas
padronizadas (e abertas) para o gerenciamento de redes
heterogêneas, ou seja, redes compostas por equipamentos
de diferentes fabricantes.
As principais arquiteturas
abertas de gerenciamento de redes são relacionadas
às tecnologias TCP/IP e OSI da ISO e estas são conhecidas
mais facilmente pelos nomes dos protocolos de gerenciamento
utilizados: Simple Network Management Protocol (SNMP),
do TCP/IP e o Common Management Information Protocol
(CMIP), do modelo OSI. Muitos produtos de gerenciamento
já foram desenvolvidos obedecendo estes padrões. Por
razões históricas, os primeiros produtos seguiram
o padrão SNMP e até hoje este é o protocolo que possui
o maior número de implementações.
Embora atualmente
existam algumas aplicações de gerenciamento muito
sofisticadas, a maioria destas aplicações possibilita
apenas o monitoramento dos nós de uma rede e não possui
"inteligência" para auxiliar os administradores
de rede na execução de sua tarefa. Por exemplo, a
arquitetura de gerenciamento SNMP, adotada na tecnologia
TCP/IP, supõe a existência de estações de gerenciamento,
onde são executados as aplicações de gerenciamento
e os nós gerenciados, que são os elementos da rede
(estações, roteadores e outros equipamentos de comunicação),
que desempenham funções de comunicação na operação
normal da rede, através dos chamados protocolos úteis.
Estes protocolos são instrumentados para permitir
o monitoramento e controle do seu funcionamento.
Uma parte significativa
do processo de gerenciamento baseia-se na aquisição
de informações sobre a rede, sendo as mais importantes
àquelas relativas a erros, falhas e outras condições
excepcionais. Tais dados devem ser armazenados em
forma bruta, sendo importante definir os valores aceitáveis
como limiares de tolerância que, quando ultrapassados,
determinam uma sinalização para pedir intervenção
de um operador, ou o início de uma operação corretiva.
Tais limites não são necessariamente absolutos, tais
como a taxa de erros num enlace de dados, sendo necessário
dispor de estatísticas de erros em função do tráfego
existente. Um determinado limiar pode ser aceitável
numa situação de carga leve na rede, mas intolerável
numa outra situação, de carga mais intensa, no qual
o número de retransmissões faria com que o tráfego
total excedesse a capacidade do enlace, afetando seriamente
o tempo de resposta.
A gerência em redes
de computadores torna-se tarefa complexa em boa parte
por consequência do crescimento acelerado das mesmas
tanto em desempenho quanto em suporte a um grande
conjunto de serviços. Além disso, os sistemas de telecomunicações,
parte importante e componente das redes, também adicionam
maior complexidade, estando cada vez mais presentes,
mesmo em pequenas instalações.
Importância do gerenciamento
As informações que
circulam em uma rede de computadores devem ser transportadas
de modo confiável e rápido. Para que isso aconteça
é importante que os dados sejam monitorados de maneira
que os problemas que porventura possam existir sejam
detectados rapidamente e sejam solucionados eficientemente.
Admitindo-se que as
ferramentas para gerência de redes não abrangem toda
a gama de problemas de uma rede e que estas nem sempre
são usadas nas organizações que possuem redes, se
faz necessário que outros mecanismos de gerência sejam
utilizados para suprir suas carências mais evidentes.
Uma rede sem mecanismos
de gerência pode apresentar problemas que irão afetar
o tráfego dos dados, bem como sua integridade, como
problemas de congestionamento do tráfego, recursos
mal utilizados, recursos sobrecarregados, problemas
com segurança entre outros.
O gerenciamento está
associado ao controle de atividades e ao monitoramento
do uso dos recursos da rede. A tarefa básica que uma
gerência de rede deve executar envolve a obtenção
de informações da rede, tratar estas informações possibilitando
um diagnóstico seguro e encaminhar as soluções dos
problemas. Para cumprir estes objetivos, funções de
gerência devem ser embutidas nos diversos componentes
da rede, possibilitando descobrir, prever e reagir
a problemas.
Para resolver os problemas
associados à gerência em redes a ISO, através do modelo
de referência OSI, propôs três estruturas:
Modelo Organizacional,
que estabelece a hierarquia entre sistemas de gerência
em um domínio de gerência, dividindo o ambiente a
ser gerenciado em vários domínios;
Modelo Informacional,
que define os objetos de gerência, as relações e as
operações sobre esses objetos;
Modelo Funcional,
que descreve as funcionalidades de gerência: gerência
de falhas, gerência de configuração, gerência de desempenho,
gerência de contabilidade e gerência de segurança.
O que gerenciar
Dependendo da ênfase
atribuída aos investimentos realizados no ambiente
de rede, as funções de gerência podem ser centralizadas
nos servidores ou distribuídas em diversos ambientes
locais.
Como o gerenciamento
de rede implica na utilização de várias ferramentas
inseridas em uma estrutura, de certa forma complexa,
com os limites de atuação definidos, se possível padronizado,
entre os componentes envolvidos, é importante definir
aspectos como a estratégia que será usada no atendimento
dos usuários, atuação do pessoal envolvido nas tarefas
de gerenciamento, supridores de serviços, etc.
Os tipos mais básicos
de tarefas de gerenciamento de uma rede são: monitoração
e controle. A monitoração consiste na observação periódica
dos objetos gerenciados, importantes para a política
de gerenciamento. A partir da monitoração, o gerente
tem conhecimento do estado da rede e, desta forma,
pode efetuar operações de controle sobre a mesma.
A distribuição das
funções de monitoramento é mais preemente em relação
às funções de controle, pois a monitoração consome
mais recursos da rede, bem como a atenção do gerente,
pois através dela é que se obtém o estado da rede
em relação ao tempo, enquanto que as funções de controle
são invocadas em menor número, geralmente com objetivos
de alteração de configuração e erradicação de problemas.
O limite de atuação
desta gerência, ou seja, o controle, deve levar em
conta a amplitude desejada pelo modelo implantado
na instalação que, além de operar a rede, deve envolver
tarefas como:
Controle de acesso
à rede;
Disponibilidade e
desempenho;
Documentação de configuração;
Gerência de mudanças;
Planejamento de capacidade
Auxílio ao usuário;
Gerência de falhas;
Controle de inventário.
O passo seguinte
Os benefícios da integração
dos sistemas computacionais como forma de distribuir
tarefas e compartilhar recursos disponíveis é uma
realidade. Junto a esse fato temos o contínuo crescimento
em número e diversidade de componentes das redes de
computadores que tem contribuído decisivamente para
que a atividade de gerenciamento de rede se torne
cada vez mais imprescindível.
As grandes redes corporativas,
que são inter-redes formadas pela interconexão de
pequenas redes locais, assumiram um papel fundamental
para os negócios das empresas que delas se utilizam.
Por este motivo, estas redes requerem um sistema de
gerenciamento eficiente para que as informações da
corporação estejam sempre disponíveis no local e no
momento onde forem requisitadas.
O crescimento das
redes de computadores, juntamente com a integração
de serviços como voz, vídeo e dados, introduzem a
necessidade de um controle sobre o desempenho dos
recursos, tornando-se de vital importância para garantia
de qualidade dos serviços prestados. Assim, torna-se
necessário lançar mão de recursos computacionais que
proporcionem um gerenciamento mais eficaz e preciso.
Para conseguir gerenciar
sistemas eficientemente e planejar inteligentemente
um sistema de gerenciamento de redes, o profissional
necessita conhecer os conceitos fundamentais e as
tecnologias de gerência de redes, tornando possível
atingir os seus objetivos, monitorando e controlando
os elementos da rede (sejam eles físicos ou lógicos)
e assegurando um determinado nível de qualidade dos
serviços oferecidos aos usuários.
Concluindo, a gerência
de redes está associada não somente ao controle de
atividades e ao monitoramento do uso de recursos da
rede, como também às necessidades atuais e futuras
de toda a infra-estrutura da rede, consoante as necessidades
estratégicas de seus usuários. As atividades da gerência
de redes são complexas e interdependentes, requerendo
um fluxo de informações eficaz e contínuo para sua
realização.